quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

E vamos levando a vida...

Salut pessoas

Sim, estamos sumidos, mas é que a espera de 14 meses pelo visto e ainda sem uma previsão real do consulado tem me desanimado um pouco de escrever aqui. O que me anima é pensar que está mais perto do que longe e que em breve teremos novidade, mesmo completando 15, 16 meses.

Mas enfim, enquanto estamos aqui temos que aproveitar de alguma maneira positiva esse tempo de espera e é o que estamos fazendo. Além do trabalho voluntário, que comentei nesse post, no dia 09 de Janeiro começamos também a nossa Francisação, que é o curso de francês oferecido gratuitamente pelo governo para os recém chegados. Como ainda não somos residentes permanentes, temos direito apenas a fazer o curso em tempo parcial, que vai das 9:00hrs até o meio dia. Já as pessoas que já possuem toda a documentação de residente, também é possível  fazer o curso em período integral e ainda receber uma ajuda de custo do governo enquanto estuda. Mas só de estarmos estudando de graça já é uma ótima vantagem para nós aqui!

Apesar da francisação ser um curso oferecido gratuitamente pelo governo, a qualidade é muito boa e ainda digo que é bem melhor do que alguns cursos particulares que já fizemos. Ela é oferecida em vários lugares, mas por diversos motivos, optamos por nos inscrever no curso da UQAM - Université du Quebec a Montreal.

A lista para todos os lugares da província de Quebec onde é possível fazer a francisação em tempo parcial está disponível aqui!

Como disse, estamos gostando muito da  UQAM e o curso tem nos ajudado muito a entender o francês quebecois mais popular, e não aquele francês  "limpo" que ouvimos no jornal ou no rádio. O foco do curso é a comunicação oral, com muitos debates, discussões e exercícios de compreensão com áudio. Aprendemos também muitas expressões usadas no dia a dia e o curso não se resume apenas ao período passado na sala de aula. Temos atividades para fazer em casa com o auxilio de filmes ou programas de TV, preparar apresentações, etc. Ou seja, o curso também exige dedicação do aluno.

Diferente de outras escolas que oferecem o curso de francisação, o da  UQAM  tem uma particularidade: é preciso fazer um teste de admissão e tem uma nota minima a ser atingida, que corresponde a um nível intermediário-avançado. Tanto é que quando fizemos a prova ficamos bem na dúvida se seriamos aceitos ou não e até tentamos nos inscrever em outra escola, mas felizmente a pessoa responsável pelas inscrições nessa outra escola que fomos, era a mesma representante do MICC que fez as inscrições na  UQAM e nos confirmou que fomos aceitos.

Outra coisa que achamos interessante é a grande variedade de culturas que tem no curso. Na minha turma, somos apenas eu e Thaissa de brasileiras, já que Fabiano está em outra turma e o Renato, marido da Thaissa está estudando a noite! Além de nós do Brasil, também tem pessoas do México, Russia, Japão, Egito, Líbia, Ucrânia, Cuba e outros países que agora não lembro. Sem contar um cara da Argélia (país que tem o árabe como primeira língua e o francês como segunda, devido à colonização da França no passado) que ainda não descobri o que ele faz ali pois só critica o francês de todo mundo, inclusive do professor!

E por falar em professor, esse é um caso à parte. Típico quebecois com aquele sotaque do interior do interior do Quebec. A primeira aula com ele foi difícil entender, mas agora já estamos mais habituados. Desde o primeiro dia chegamos a conclusão de que os Têtes à claques foram inspirados nele! Nosso professor fala igualzinho esse daqui:


Quem consegue entender isso perfeitamente pode dizer que tem um francês avançadíssimo, pois mesmo estando todos os dias com o professor que fala assim, e começando a entender o professor, ainda temos dificuldades com esses videos do tabarnak.

E por enquanto é isso que estamos fazendo. Estudando e tentando levar a vida  na maior normalidade possível, por que percebi que não dá mais para se estressar com o consulado. Pode ser algo já batido dizer isso, mas o melhor que podemos fazer agora é tentar aproveitar ao máximo essa espera se dedicando ao francês! Não tem outro jeito.

A bientôt! 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

14 Meses

Salut pessoas.

Não esperava completar tudo isso de espera e ainda não ter um prazo, uma previsão completa. Mas não vou reclamar mais. Como estou num dia de muita dor de cabeça, daqueles que não te deixa sair de casa, acho melhor não me estender muito pra não fazer deste post um muro de lamentações.

E a espera continua...

sábado, 7 de janeiro de 2012

Adquirindo Experiência Canadense

Salut pessoas!

Depois de um ano novo bem gostoso e tipicamente quebecois, estamos de volta. Estamos entrando de novo na rotina de estudos com a francisação que começa segunda feira e, ainda estamos torcendo pela chegada do visto. É estranho pensar que iniciamos esse processo em 2010 e cá estamos  nós em 2012 ainda sem nenhuma previsão. Já se foram 14 longos meses de espera.

Mas o assunto de hoje não é esse, e sim o que estamos fazendo para aproveitar esse período de espera angustiante. Esperei um pouco para poder contar essa novidade com mais detalhes e agora acho que o post será mais proveitoso.

Tudo começou em novembro com a nossa primeira visita ao Centre d'Action Bénévole de Montreal / Volunteer Bureau of Montreal. Trata-se de um escritório que concentra em seu banco de dados diversas vagas de trabalho voluntario nas mais diferentes instituições. No CABM é possível encontrar vagas de trabalho voluntário de todos os tipos possíveis e imagináveis, desde distribuição de refeições para pessoas necessitadas até desenvolvedor web, para fazer o site de algum órgão. Com este tipo de trabalho, o imigrante recém chegado pode adquirir a sua primeira experiência profissional canadense, obter referencias, colocar em prática e melhorar o francês e ainda aprender muitas coisas interessantes no dia a dia.


Mas, voltando a nossa primeira visita ao CABM (com rendez-vous apenas!!!), lá somos atendidos por um consultor que faz uma pequena análise do nosso perfil e objetivos e nos apresenta algumas vagas, fala sobre as instituições e etc. Após essa reunião com o consultor, é responsabilidade do candidato entrar em contato com as empresas/instituições para se candidatar às vagas. Também podemos ver as vagas pelo site e entrar em contato caso interesse, mas eles pedem para fazer isso apenas depois de passar pela entrevista com o consultor.

Depois de aproximadamente meia hora de conversa com a consultora que me atendeu, sai de lá super animada e com várias vagas de trabalho voluntário para que eu entrasse em contato e começasse a trabalhar em breve. E foi o que fiz. Priorizei os trabalhos em francês (pois tem a opção de trabalhar voluntariamente em inglês também), e entrei em contato com algumas instituições. Alguns horários não deram certo, outros não retornaram e finalmente uma instituição que parecia muito interessante me disse que eu poderia ir no dia seguinte. A vaga era trabalhar com atendimento ao publico em uma instituição que cuida de pessoas idosas. Achei o máximo pois seria uma ótima oportunidade de falar muito francês com diversas pessoas e meu horário seria bem tranquilo, 2 vezes por semana após o meio dia. Somente no primeiro dia que pediram para eu ficar o dia inteiro para ver como tudo funcionava.

E, lá fui eu para meu primeiro dia de trabalho. Cheguei, procurei pela pessoa responsável e ela nem perguntou meu nome! Me colocou em uma sala muito suja e cheia de roupas sujas para separar o que poderia ser vendido ou não. E lá fiquei, quase o dia inteiro, sem conversar com ninguém e respirando poeira.  Dai, quando lembraram que eu existia e foram ver se eu ainda estava viva, me falaram que eu poderia sair para comer alguma coisa, mas que deveria voltar logo. Peguei minha bolsa e sai "para comer". Nunca mais voltei.

Cheguei em casa triste e decidida a nunca mais fazer trabalho voluntário, pois mais parecia trabalho exploratório. O tal do atendimento ao publico que a vaga oferecia era feito somente por 2 francesas, funcionarias mesmo da instituição e os demais voluntários separariam os itens que seriam colocados na loja ou não. Para quem está lendo, pode achar que é frescura, mas digo que não é! Só vendo o ambiente e toda a sujeira do lugar que dá pra entender de verdade do que estou falando.

E assim passei o mês de novembro inteiro me negando a procurar outro tipo de trabalho voluntario, pois tinha medo de cair nessa mesma furada de novo. Me questionava como as pessoas faziam esse tipo de trabalho e ainda relatavam experiências super positivas. Não entrava na minha cabeça.

Passado o trauma, resolvi dar mais uma chance para os trabalhos voluntários e achei que valeria a pena tentar mais uma vez. E, com muito receio entrei em contato com uma instituição que buscava um voluntário para fazer um trabalho de assistente geral no escritório deles e lá fui eu para o meu primeiro dia. Trata-se de uma instituição que pesquisa a cura do diabetes e este escritório é responsável por receber as doações de toda a província do Quebec. Além disso eles também fazem eventos, parcerias com empresas, etc.


Chegando lá já senti a diferença. Era um escritório limpinho, no centro de Montreal. Fizeram uma pequena entrevista comigo para saber quais eram as minhas intenções e expectativas e no mesmo dia já fui apresentada para todo mundo que estava ali no escritório. Também me explicaram quais seriam as minhas atividades, meus dias e 
horários de trabalho antes de começarmos para saber se eu estava de acordo com tudo. Fiquei muito contente pois por mais que eu estivesse ali como voluntária, me senti "parte da equipe" e não mais uma pessoa trabalhando de graça.

Isso tudo aconteceu no comecinho de dezembro e, não parece, mas já estou completando 1 mês de trabalho voluntário, e estou adorando! Minhas atividades são bem básicas, de assistente do auxiliar do estagiário, como preparar 
correspondências para enviar para o correio, fazer arquivos e tirar xerox. Agora, depois de 1 mês e ganhando a confiança do pessoal do escritório, comecei a preparar os cheques das doações e os pagamentos para levarem para o banco e também a fazer tabelas no excel. Além disso, trabalho usando tanto o francês quanto o inglês, pois metade do escritório é francófono e metade anglófono. E não trabalho sozinha. Trabalho em conjunto com outro voluntário, um economista do México que começou no mesmo dia que eu.

Sei que 1 mês é pouco, mas até o momento posso afirmar que estou bem feliz. O pessoal do escritório também tem se mostrado bem satisfeito com o trabalho, principalmente agora com as "novas responsabilidades". Fiquei muito contente pois a minha "chefe" já se colocou a disposição para ser usada como referencia profissional quando eu estiver buscando um trabalho de verdade, ou seja, apenas quando sair o visto, sabe-se lá quando. Além disso, apesar de fazer um trabalho simples, mesmo assim a gente aprende pequenos detalhes do dia a dia das empresas e das pessoas que para quem já é daqui, é normal, mas para nós é novidade, como por exemplo preencher um envelope ou um cheque. E, tudo isso ainda ganhando a tão importante "Experiência Canadense".

Apesar de no começo a minha experiência não ter sido positiva, é sempre bom dar e ter uma segunda chance e nunca desistir de primeira. No meu caso, foi na minha segunda chance para o trabalho voluntário que as coisas deram certo e estou começando a ver os benefícios, que eu poderia estar perdendo caso tivesse desistido de primeira.

E agora, vamos ganhando experiência enquanto o visto não chega.

A bientôt.