segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eles existem!

Salut pessoas

Temos uma novidade (do mês passado, mas ainda está valendo) - conseguimos um médico de família. Eles não são lenda, eles existem sim!

Até o momento nossa experiência com o sistema de saúde do Quebec tem sido bem positiva e não tivemos nenhum problema sequer. Li muitos blogs com várias histórias que me assustaram, mas de verdade, não temos nada do que reclamar. Pelo contrário, só temos comentários positivos.

Nosso médico é completamente diferente de todos os relatos de médicos que vimos por ai. Ele conversa, brinca, se interessa em saber sobre o paciente e sabe ouvir. Logo na primeira consulta, que durou 1 hora e meia, fizemos um check-up geral bem detalhado, como nunca havia feito antes. Fomos revirados da cabeça aos pés e ainda saímos da consulta com uma lista de vários exames, um retorno agendado e minha receita para comprar meu medicamento por 1 ano.

Achei bem legal que ele falou bastante sobre prevenção e explicou que é obrigação do médico de família fazer esse acompanhamento anualmente com o paciente, e isso inclui aquela série de exames ginecológicos que nós meninas temos que fazer todo ano. Confesso que tinha a impressão que os médicos aqui esperavam a doença aparecer para depois tratar, e a quebra desse mito me deixou bem feliz.

Agora, para quem está se perguntando como conseguimos o médico de família, não tem nenhum segredo. Apenas fizemos o procedimento que está no site do Santé Quebec que diz para entrar em contato com a CLSC mais próxima de casa e aguardar a  entrevista com a enfermeira. Quem não tem nenhum problema de saúde entra na fila de espera que pode demorar até 2 anos e quem tem algum problema (como eu) que precisa de acompanhamento, medicamento com receita, exames de sangue, etc, entram numa fila "prioritária" e a espera fica em no máximo 2 meses.

Sei que não devemos comparar o sistema de saúde publico daqui com o particular que utilizávamos no Brasil, mas a comparação acaba sendo inevitável, e já que estou comparando mesmo, posso dizer que nunca tivemos um acompanhamento tão legal assim, tão detalhado e tão rápido (pois não ficamos nem 5 minutos esperando na sala de espera) nem mesmo nos hospitais famosos de São Paulo! Portanto, estamos muito felizes mesmo e ficamos mais felizes ainda quando pensamos que são os impostos que pagamos que nos proporcionam esses serviços. É nosso dinheiro sendo bem aplicado e voltando para nós em forma de benefícios.

E agora, esperamos não dar trabalho nenhum para nosso family doctor e não usar os serviços do hospital onde ele atende. E, tirando o Fabiano que ainda tem mais uma consulta para ver o resultado de um exame, ano que vem a gente volta para o novo check-up!

A bientôt.

Ps: Se a gente sumir de novo, é por que estamos com visita e nossa vida está uma loucura, mas não abandonamos o blog (ainda)! 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

E a saúde como vai?

Salut pessoas

Antes de começar oficialmente o post de hoje, queria deixar um pequeno disclaimer sobre todas as nossas postagens e principalmente sobre o post anterior. Tudo o que escrevemos aqui diz respeito às nossas experiencias, ao que estamos vivendo aqui e à tudo o que vivemos no passado. Todas as comparações que fazemos, são comparações com como era nossa vida antes e depois da imigração, nossos relacionamentos, nossos empregos, nossos problemas, nossa realidade. Não estamos generalizando!

Outra coisa, mudamos de fase! Não temos mais a menor ideia de como anda o processo de imigração, quanto tempo está demorando, quais são os documentos necessários, etc. A fase é outra, então se é isso que você leitor busca no nosso blog, desculpe mas não vai encontrar. A ideia inicial do nosso blog era principalmente contar para nossas familias e amigos um pouco sobre a nossa vida aqui. Existem vários outros blogs que escrevem sobre o processo efetivamente e esse não é um deles! O Supernova é o nosso projeto de vida no Canadá!

Enfim, agora vamos ao que interessa!

O tema saúde no Quebec é sempre um tabu entre os imigrantes acostumados com as "regalias" do convênio no Brasil, que chegando aqui passam a ser usuários da saúde publica. Para quem não conhece, vou falar superficialmente sobre algumas das "características" e diferenças do sistema daqui:

  1. Os hospitais (emergências) tem filas de espera que podem chegar a muitas e muitas horas. Nesses hospitais a "fila" anda conforme a prioridade dos pacientes. Por exemplo uma pessoa que chega após sofrer um enfarto vai passar na frente do cidadão que está esperando (as vezes há algumas boas horas) mas que tem apenas uma inflamação na garganta. Ai não importa se você é rico, pobre, feio, bonito, ou o que quer que seja, se seu caso não é prioridade, senta e espera.
  2. Não podemos simplesmente ligar para um especialista e marcar uma consulta sem antes ter uma recomendação de um médico generalista. Eu por exemplo era acompanhada no Brasil por um especialista X e a cada 3 meses +/- tinha uma consulta e fazia uma sééééérie de exames. Aqui isso não acontece Para eu ir no mesmo especialista tenho que antes passar com um generalista / médico de família que vai avaliar meu caso e se for preciso me encaminhar para o especialista.
  3. Aqui existem os famosos médicos de família (ou seria lenda por que ninguém consegue um?). O médico de família é um médico generalista que vai acompanhar (na maioria dos casos) a família toda e, quando necessário encaminhar para um especialista. Ainda não me acostumei com essa ideia, mas muitos médicos de família fazem até parto! Tá certo que o padrão aqui não é cesária, mas enfim, ainda acho estranho ser o "clinico geral"!
  4. E, para o meu desespero, os resultados de exames não são entregues para os pacientes. São sempre entregues diretamente para o médico que, os recebe e se por acaso der alguma alteração/problema, entra em contato com o paciente. Se estiver tudo bem, o silêncio será a resposta. Eu que no Brasil tinha o mal vicio de abrir meus exames e ficar procurando no Google possíveis diagnósticos não vou mais conseguir fazer isso. Marido que ficava louco com as 1001 possibilidades de doenças bizarras agradece!
Parenteses feito para situar todo mundo na questão da saúde aqui agora venho eu dar o meu pitaco sobre o assunto. No começo do mês tive a minha primeira experiência com o sistema de saúde quebecois e vou falar o que achei do atendimento que tive. Foi apenas uma consulta e exame, então ainda é muito pouco para formar uma opinião real.

Existe um grupo de mulheres de Montréal no Facebook que trocam várias informações importantes / legais, etc. Através deste grupo fiquei sabendo de uma clínica que estava aceitando novos pacientes. Curiosamente, não é uma clinica generalista e sim uma clínica mais voltada para a área feminina e pelo que me explicaram nesse caso especifico não seria necessário passar com um generalista e poderia ir na clinica direto. Liguei e consegui agendar a consulta para 3 semanas depois.

No dia da minha consulta a clínica me pareceu bem cheia. Mas ainda assim, como era uma clínica com rendez-vous, me pareceu que todo mundo era atendido no horário. Fiz a minha ficha e esperei por no máximo 10 minutos até ser chamada. Reparei (para depois contar aqui) que era tudo bem simples, nada de luxo, simples, arrumadinho e o mais importante, bem limpinho. No consultório da médica, conversamos bastante, ela me encheu de perguntas, fez várias anotações, tirou minhas dúvidas e em seguida fez todos os exames de rotina, ali no consultório dela mesmo. Após os exames, conversamos mais um pouquinho e expliquei para ela que tenho um probleminha de saúde e que preciso de um medicamento para o resto da vida. Não esperava por isso, mas ali mesmo ela fez o encaminhamento para o especialista e reforçou a necessidade de encontrarmos um médico de família para me acompanhar o quanto antes. Saí da clinica com uma boa impressão, satisfeita com a consulta e com um pote de vitaminas daquelas que a mulherada toma antes de engravidar, mas que aqui, diz a médica, que todo mundo tem que tomar, "por que nunca se sabe". Enfim.....

Minutos depois, a caminho do trabalho, resolvi ligar para agendar a consulta com o especialista que ela indicou e para a minha surpresa não consegui. O especialista só aceita pacientes se todos os exames já estiverem feitos e provarem a real necessidade da consulta com ele. Acabei voltando para a clínica e conversando novamente com a médica. Ela me explicou que não poderia solicitar os tais exames pois a especialidade dela não tem nada a ver com os exames que eu preciso, então ela não teria como justificar a solicitação para o sistema público aqui. No entanto, ela me fez uma nova carta de referência para que eu pudesse ir num outro lugar que faria tanto a consulta quanto o exame, caso necessário. E, nesse outro lugar, um grande hospital de Montreal, já consegui marcar a consulta com o especialista e estou apenas esperando a data.

Sei que tive apenas uma consulta e fiz um exame super rápido na clinica dessa médica, mas deu para perceber algumas diferenças com essa pequena experiência e também conversei com outras pessoas que estão aqui ha mais tempo e também já utilizaram o sistema. Por exemplo, o médico não é nosso amigo. Ele ou ela não vai pegar na mão, dar beijinho e nem conversar com você por uma hora inteira. O sistema é publico e o médico recebe por número de pacientes atendidos, então serão bem objetivos, mas todo mundo é tratado igual. E isso não significa que o atendimento será ruim! Além disso, nunca pedirão exames desnecessários de todas as especialidades possíveis e imagináveis (como meu médico pedia no Brasil). Os exames são caros e não justifica em nada um cardiologista por exemplo pedir um exame do estomago! Assim como o encaminhamento para o especialista, que com certeza custa mais caro para o sistema, só é feito em caso de real necessidade!

Ainda não posso dizer se gosto ou não do sistema de saúde daqui. Por enquanto, ainda sou contra a entrada dos "convênios" no sistema de saúde do Quebec, mas não quero causar polêmica. Conhecemos os problemas e tentamos entende-los sem fazer comparações com o Brasil e os convênios caros de lá, pois é a mesma coisa que comparar bananas com melancias. No momento estamos satisfeitos, mas só usei 1 vez, não fui na emergência e ainda estamos na fila para o médico de família. A estrutura aqui é tão boa quanto a do Brasil, mas estamos falando do sistema publico daqui, comparado com o particular brasileiro. Como disse, não dá pra comparar.

Em breve terei a minha próxima consulta, dessa vez num grande hospital, e vamos ver se a opinião vai continuar a mesma ou vai mudar. Espero que a boa impressão continue.

A bientôt!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

E quando a gente menos espera...


A gente se dá conta de que o tempo passou e que estamos completando hoje 1 ano de Canada.

Se olharmos para trás podemos resumir esse ano em apenas 1 palavra: Aprendizado! Aprendemos muito mais nesse ultimo ano do que em qualquer outro ano de nossas vidas, tanto em coisas práticas do dia a dia quanto em  lições de vida e quebra de preconceitos, e a cada dia agradecemos pelo privilegio que temos tido de poder viver tudo o que estamos vivendo aqui. E para celebrar esse 1 ano de vida nova, queremos compartilhar aqui um pouco do que aprendemos.


Aprendemos a ser tolerantes, respeitar diferenças e que nem sempre o que é normal pra mim, pode ser normal para o outro e vice e versa. Aprendemos que opção religiosa, politica ou sexual não definem caráter e que cada um é livre para fazer o que bem entender da sua própria vida e que isso não é da conta de mais ninguém. A sensação de liberdade de viver sem ter milhares de pessoas cuidando da nossa vida é ótima e fez também com que a gente aprendesse a ser a pessoa que somos de verdade e não aquela pessoa que outros queriam que a gente fosse. Vivemos sem ter que justificar para os outros por que não trocamos de carro esse ano, por que nosso apartamento não tem a quantidade x de suites ou por que não compramos aquela roupa daquela loja super cara. Sim, é possível ser feliz sem ter que provar o tempo todo que você é melhor que o outro!


Aprendemos a valorizar o sol e a sentar na grama para ouvir uma boa música. Descobrimos que é possivel ter uma vida social e cultural bem intensa, mesmo com um orçamento limitado, pois cultura e lazer também podem ser oferecidos gratuitamente ao publico. E agora, mesmo trabalhando, ainda tenho tempo para aproveitar muito do que a cidade tem para oferecer, pois também aprendemos a diferença entre trabalhar para viver e viver para trabalhar. E se seu horario de trabalho é até as 16:00 horas, pode juntar as suas coisas e ir embora as 16:00 horas, sem medo de ser feliz ou achar que as pessoas estarão te julgando. Aprendi a  não sentir mais culpa por sair do trabalho no meu horario, afinal, já trabalhei as 7 horas pelas quais sou paga.

Eu achava que não, mas é possível passar meses sem uma visitinha ao shopping, cabeleireira ou até mesmo manicure e aprendi a conviver com isso. Na terra do faça-voce-mesmo, onde serviços são extremamente caros, a gente aprende a se virar sozinha. E já que o assunto é o que aprendi, posso dizer que aprendi a cortar o cabelo do Fabiano, aprendi a fazer a minha sobrancelha e arrisco até aquele esmalte vermelho de vez em quando! Tudo isso também faz parte do aprendizado nessa vida nova. Ainda no tema vaidade, aprendemos também a  não reparar nas pessoas na rua. Aquela descabelada no metro, o ser humano de pijama no supermercado, ou mesmo aquela senhora super fashion de vestido de oncinha com meia calça pink que nos chocavam no inicio, agora passam despercebidos por nós. Após 1 ano, a frase "cada um no seu quadrado" nos faz mais sentido.


Uma das coisas que mais gostamos e que se incorporou em nossas vidas foi a sensação de seguranca. Andar pelas ruas, seja de manha, de tarde, de noite ou de madrugada sem olhar a cada 2 minutos para trás, foi uma das coisas que aprendemos. Não sei se sentíamos medo no começo ou se era apenas força do hábito, mas o dia que percebi que andávamos tranquilamente sem nos virar a todo tempo, pra mim foi algo libertador. Isso me fez lembrar que aprendemos também a parar no farol vermelho e andar com os vidros do carro abaixados. Desde que comecei a dirigir em São Paulo, nunca tive esse prazer, e o medo era algo constante. Além disso, pedestres e ciclistas deixaram de ser seres inconvenientes e aprendemos a respeita-los como prioritários no transito.

Mas é claro que nem todo lugar é perfeito e aprendemos algumas coisas não tão legais também. Aprendemos que, não importa a nacionalidade, o ser humano é cheio de defeitos. Infelizmente em qualquer lugar do mundo existem pessoas com certos preconceitos, intolerantes e que não aceitam as diferenças. Aqui não é diferente e temos aprendido a abstrair certas coisas e a nos defender e administrar determinadas situações.

Aprendemos também que ser imigrante é ter que se provar constantemente. Por melhor que a pessoa seja naquilo que ela faz, num primeiro momento muita gente vai duvidar e não darão aquela oportunidade que tanto queremos. Quantos imigrantes por exemplo começam num emprego "inferior" às suas competências? Pode ser pela questão do idioma ou pela dificuldade de reconhecerem a experiencia profissional e formação academica de pessoas que chegam aqui vindas dos mais diversos paises do mundo, mas sentimos que o imigrante é aquele que sempre começa a corrida em desvantagem e tem que correr em dobro para conquistar seu lugar no podium. Para quem imigrou com o marido/esposa, é principalmente nessas horas que a gente percebe um pouco mais a importância da pessoa que está ao nosso lado e aprende que a união faz a força, aprende a consolar, aprende a emprestar o colo pro outro chorar ou simplesmente aprende a ficar calado, apenas mostrando que estão enfrentando tudo isso juntos. E a boa noticia é: quando o casal está 100% comprometido com o projeto, a gente aprende a cuidar ainda mais um do outro, entender ainda mais os problemas do outro, o diálogo melhora e a relação se fortalece! No nosso caso, assim como o de muitos outros imigrantes, somos apenas nós 2 e se a gente não puder contar um com o outro, com quem contaremos então?

Antes mesmo de completar 1 ano (bem antes disso) a gente aprende que saudade doi....

A cada dia temos mais certeza de que fizemos a escolha certa e, apesar da grande saudade da familia e dos amigos, não conseguimos mais nos ver morando no Brasil. Nos sentimos como se não fizessemos mais parte dali e que agora nossa casa é aqui. Um sentimento estranho que só quem passa por isso consegue entender. Tivemos que aprender também a lidar com a saudade, mas sabemos que é algo inevitável e consequência da nossa escolha. 

E hoje, olhando para trás e vendo tudo o que passou, só conseguimos chegar a uma conclusão: Esse foi apenas o primeiro ano do nosso Projeto Supernova, o primeiro ano de muitos e muitos outros que ainda virão! Apenas o começo de uma longa jornada repleta de aprendizado e descobertas, nessa cidade que já chamamos de "nossa cidade". E agora, seja bem vindo ano 2!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As Roses da minha vida

Salut pessoas!

Sabe quando dizem que "quando a água bate na bunda a gente aprende a nadar"? Pois é, pelo menos pra mim o ditado é verdadeiro. 

Desde criança, sempre tivemos a sorte (depende do ponto de vista) de ter uma emprega doméstica em casa. Meus pais trabalhavam e ainda trabalham o dia inteiro, por longas horas e também durante a noite em vários dias da semana. E ainda, com 3 filhos em casa, a vida sem uma ajudante era bastante difícil. Por isso, desde que me entendo por gente, sempre teve alguém em casa encarregada de todos os afazeres domésticos.

O tempo passou, a criança cresceu, achou que ficou responsável, conheceu uma outra criança grande que sempre foi o filhinho da mamãe e juntos resolveram brincar de casinha em tamanho real. Mas, antes mesmo da brincadeira começar, já estávamos lá nos dois escolhendo quem seria o adulto da casa, aquela pessoa que colocaria ordem na bagunça. Nem cogitei a possibilidade de não ter uma ajudante, afinal também trabalhava muito e queria aproveitar meus finais de semana! Entre algumas idas e vindas, erros e acertos, eis que surge a Rose.

A Rose era uma pessoa meio louca, estabanada, que adorava tomar meus Yakults e se trancar sem querer na sacada. Ninguém podia começar uma conversa com ela, senão ela não parava de falar! Sempre tinha uma historia para contar. E pra mim, o melhor de tudo era que quando eu chegava cansada e estressada em casa a noite, o apartamento estava impecável.

Um belo dia, esses dois desajuizados resolvem se mudar para o Canadá. Mas e a Rose? Tem como levar na mala? No que dependesse dela, sim, ela estaria aqui em casa com a gente. Mas infelizmente a Maura não deu um visto pra ela também e a Rose teve que ficar no Brasil.

Chegando aqui, a água bateu na bunda! E não é que estamos aprendendo a nadar? O tema "faxina" foi um tabu nos primeiros meses aqui. Era só tocar no assunto que o meu bom humor ia embora rapidinho. Mas aos poucos fomos nos acostumando, e hoje já não é algo que nos faz perder o sono. Não deixou de ser chato, mas as "modernidades do primeiro mundo" diminuem consideravelmente o trabalho.

E a Rose que ficou no Brasil foi substituída pela Rosie canadense. Ela não fala tanto que nem a outra, nem toma meus Yakults, mas é estabanada e vive dando cabeçadas na parede e se enroscando nos móveis. A vantagem é que a Rosie canadense deixa o chão perfeitamente limpo, igual a Rose brasileira. A unica exigencia dela é que a gente tire as coisas do caminho para ela passar!


No final de um dia intenso de trabalho, tudo o que ela mais quer é ir pra casa e recarregar as energias por que ela sabe que em alguns dias, começa tudo de novo!


Em breve, Rosie canadense vai trazer uma companheira para ajuda-la aqui em casa. Enquanto ela varre/aspira o chão, sua amiga vai passando pano úmido (que inclusive é descartável e já vem umedecido do supermercado mesmo, nada de balde, pano de chão, etc). Pois quando o assunto é faxina, conseguimos encontrar por aqui várias opções que facilitam a nossa vida e transformam essa obrigação em uma tarefa menos difícil (ainda não prazerosa).

E amigas futuras imigrantes, comecem desde já a educar seus maridos para ajudar nas tarefas de casa, caso eles não ajudem. Tenho a sorte de ter um marido maravilhoso que me ajuda em tudo, mas ainda ouvimos histórias de vez em quando de alguns seres machistas que aparecem por aqui.

A bientôt.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

No trabalho hoje

Segunda feira de manhã, conversa de elevador, colega de trabalho me aborda e diz:

- Imagino que vc esteja com dificuldades para se acostumar com o horario de trabalho puxado aqui do Canada. As empresas aqui exigem muito e até abusam de nós.

Eu espantada respondo:

- De maneira alguma. Estou adorando.

Não satisfeita a colega insiste:

- Mas ouvi dizer que no Brasil as pessoas saem cedo do trabalho para aproveitarem as praias, parques, cafés etc.

Eu respondo deixando a gringa horrorizada:

- Nunca cheguei em casa no Brasil antes das 20:00hrs e aqui trabalho das 8:30 as 16:30, tendo boa parte da tarde livre pois chego em casa em no máximo 30 minutos. As pessoas aqui não tem ideia da vida boa que tem e ainda reclamam!

Não adianta, o ser humano é muito mal agradecido e sempre consegue reclamar de algo. Mesmo por melhor que seja a situação, a grama do vizinho é sempre mais verde.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Saiu no jornal daqui

Quando virei a página do Metro ontem de manhã e vi uma receita de coxinha, até me assustei. Nunca vi coxinha por aqui mas também nunca procurei - a unica vez que vi e até comemos, foi no Guanabara, pois por acaso acabamos passando na frente. Também nao sei a coxinha é algo conhecido pelas 251893 nacionalidades que vivem nessa terra e se essa receita (com titulo em português) despertará curiosidade ou nao. Mas enfim, a receita saiu no jornal e está ai a prova!



Chegando no trabalho, comentei com o pessoal sobre a receita brasileira que saiu no jornal. Alguns falaram que ignoraram pois não entenderam o que eram aquelas palavras, e algumas pessoas me perguntaram se era esse o tal do croquette de poulet que os brasileiros comem todo dia. Ao ouvir esse "todo dia" meu sinal de alerta tocou! Pelo menos eu, só comia coxinha quando ia em alguma festinha de aniversario de criança (e isso nao era muito frequente), por isso, acabei explicando e tentando desmistificar um pouco o mito do consumo da coxinha por esse povo tao estranho que somos nós, os brasileiros.

Depois disso, fiquei pensando um pouco sobre os hábitos alimentares dos brasileiros (rsrsrsrs) antes e depois da imigração e algumas perguntas ainda passam pela minha cabeça. Alguém que ainda está no Brasil, me responda por favor, quantas vezes na semana você come coxinha? Brigadeiro? Pudim de leite? Feijoada? 

Pelo menos eu e o Fabiano, só consumiamos essas delicias muito raramente. As vezes até uma vez por ano e não mais do que isso!!!! Agora pergunto: Sei que não tenho nada a ver com o que o povo come ou deixa de comer, mas por que vemos tantos brasileiros chegando aqui e já ficando desesperados por comidas tipicas como coxinha e brigadeiro? Muitos com pouquíssimos meses de imigração? Será que essas pessoas comiam essas coisas todos os dias ou toda semana antes de imigrar? Definitivamente é algo que não consigo entender....

Consideramos que uma das coisas legais que a imigração nos trouxe, foi a possibilidade de conhecer diferentes culturas e consequentemente experimentar novos pratos. Saímos do arroz e feijão de cada dia e nos abrimos para novas experiências. Descobrimos que gostamos de muitas coisas que sei que não comeríamos se ainda estivéssemos no Brasil (não falo de coisas bizarras, como carne de cachorro, tartaruga, insetos e etc) e temos deixado muitas outras coisas de lado que não estao nos fazendo a falta tão grande que faziam antes, como por exemplo a carne de boi. 

Acho que isso também faz parte do pacote adaptação ao novo país, nova cultura, etc e pelo menos pra mim, ficar preso a essas coisinhas (como a busca pela coxinha ou do brigadeiro de cada dia) dá a impressão que a pessoa nao imigrou 100% e está vivendo fisicamente aqui mas com a cabeça ainda no Brasil. Mas como disse, é a minha opinião e cada um come o que tem vontade! 

Mas, se eu puder deixar um conselho para quem ainda vai chegar, meu conselho seria: estejam abertos para as novidades! O mundo é grande demais e oferece uma quantidade infinita de coisas novas para conhecermos a cada dia! Explorar coisas novas e sair da zona de conforto também faz parte da adaptação, além de que também pode ser algo muito gostoso, e não difícil e traumático como dizem por ai! 

A bientôt!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Farofando

Salut pessoas!


Quem foi que disse mesmo que estamos na terra gelada? Tá quente aqui viu. E, aproveitando o calor de mais de 30ºC e com sensação térmica de 40ºC, fomos passar o sábado no Calipso.

Calipso, pra quem nunca ouviu falar, é o maior parque aquático do Canada. Fica a 50km de Ottawa e conta com mais de 30 atrações diferentes tanto para adultos quanto para crianças. Achamos bem legal, um ótimo programa para esses dias de calor. Para os amantes de fortes emoções ou atrações mais radicais (como nós) tem um toboágua muito legal que faz looping! Você entra dentro de uma cabine e de repente o chão se abre e vc cai em queda livre a sei lá quantos km/hora. Confesso que na hora que eu me posicionei para a descida bateu um super arrependimento, mas uma vez lá dentro, a unica saída é literalmente descer por água a baixo.


Fotos tiradas do site do Parque Calipso

Mas além disso o passeio também foi interessante por outros aspectos. Chegando no parque, percebi o quão despreparados estávamos. Levamos na bolsa apenas os itens básicos: protetor solar, toalha, chinelo e óculos de sol. E, entrando no parque, percebemos que o pessoal aqui é 100% adepto à Farofa (no bom sentido da palavra, não criticando)!!!! As caixas térmicas eram umas maiores que as outras, e as vezes eram várias por família. O parque também é totalmente preparado para receber os farofeiros, com muitas mesas espalhadas por tudo quanto é pedacinho de grama, oferecendo para os visitantes toda estrutura necessária para o tão amado picnic do povo aqui.

Obviamente ficamos com fome no meio do dia, mas como todo parque que se preze, eles também tem algumas lanchonetes (bem caras, inclusive) para atender aos despreparados como nós.

Como estamos ainda aprendendo sobre os costumes daqui, ficamos de olho na farofa alheia e não é que gostamos da ideia!? Percebemos muitas frutas picadinhas e geladinhas, saladas, sanduíches de tudo quanto é tipo e até uns churrasquinhos. Além da economia (pois preço de comida de parque é salgado em qualquer lugar do mundo) você vai comer algo mais saudável e não vai passar mal durante a tarde por ter comido fritura debaixo de um calor de quase  40 graus. Mas de qualquer maneira, valeu a experiência e na próxima já saberemos o que fazer!

Mas, algo que ainda nos chama muito a atenção, quase 1 ano depois aqui, é a questão da segurança. São pequenas coisas do dia a dia que nos deixam tão felizes por estar aqui, que não consigo deixar de comentar.

Primeiro de tudo foi o locker. O parque estava cheio e não tem um número muito grande de lockers para as pessoas guardarem suas mochilas, mas quem precisa de locker mesmo? Depois de darmos uma volta geral pelo parque, percebemos vários espaços com grama cheios de toalhas/esteiras/cangas estendidas com bolsas e mochilas ao lado, enquanto seus felizes donos aproveitavam das piscinas super refrescantes. No começo ficamos meio relutantes em deixar nossa toalhinha estendida com a mochila ao lado e sair para curtir a água, mas depois de voltar N vezes no nosso cantinho e ver todas nossas coisas lá intactas, assim como todas as coisas dos nossos vizinhos de gramado, acabamos relaxando e curtindo mais o parque.

Outra coisa que achamos bem legal era que para entrar nas piscinas ou tobogãs, era preciso deixar o chinelo e o óculos de sol do lado de fora. Mas esse lado de fora, era simplesmente do lado de fora mesmo, num cantinho antes da entrada da fila do toboágua ou numa prateleira próxima às piscinas. E assim nossos chinelinhos e até o óculos de sol ficavam lá abandonados até que a gente voltasse para buscar. Também intactos, sem saírem 1 cm do lugar onde deixamos.

Enfim, no final da tarde voltamos para Montreal vermelhos do sol e contentes por vários motivos: pelo dia refrescante que tivemos, pela lição de farofa aprendida e, mais uma vez felizes por fazermos parte de uma sociedade onde o respeito e confiança entre as pessoas existe.

E, para quem tiver interesse, o parque está sendo ampliado para o verão de 2013. Quem vem farofar com a gente?

A bientôt.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Atualizando

Salut pessoas!!!

Bom saber que vocês ainda estão por ai e que alguém ainda lê o que a gente escreve! Fico feliz! Então vamos aos poucos atualizando o blog com as nossas novidades.

Nesses 3 meses que se passaram desde o recebimento do visto a vida nova virou realidade. Estamos virando gente de verdade por aqui e até temos documentos! Olha só que lindos!!! Brincadeiras a parte, mas nosso recebimento dos documentos canadenses foi 99% tranquilo. Tudo chegou dentro do prazo e só não foi 100% sem problemas pois meu NAS não saiu logo de cara no primeiro dia. Tive um problema por ter nome composto e meu nome completo não coube no sistema, então tiveram que mandar fazer meu NAS sei lá aonde. Nunca gostei de nomes compostos e tenho trauma do meu, por isso fica a dica para quem estiver pensando em "presentear" seu pimpolho com um lindo nome daqueles super chiques como Maikel Jéquison Uóshiton da Silva Junior. 



Ainda falta a carteira de motorista daqui. Já fizemos o agendamento e assim que passarmos pelas provas conto como foi.

Outra coisa que fizemos nesse meio tempo foi uma viagem para Orlando. Tiramos 15 dias para esquecer de tudo e também para comemorar. Esquecemos da espera que tanto nos abalou, esquecemos que em breve teríamos que trabalhar e começar tudo do zero mais uma vez, esquecemos que estávamos esperando documentos, enfim, esquecemos tudo mesmo e por 15 dias voltamos a ser criança de novo nesse lugar magico where dreams come true. Foi maravilhoso e cada segundo que passamos lá valeu muito a pena e foi muito bem aproveitado.


Ah, detalhe: saímos do Canada e entramos de novo sem o cartão de residente permanente. A saída foi tranquila, sem maiores problemas, mas a volta tem que ser feita obrigatoriamente de carro. O documento de confirmação de residencia permanente que o consulado emite não dá direito a viajar por meios comerciais (avião, ônibus ou trem), por isso voltamos via NY e alugamos um carro que foi devolvido aqui em Montreal. Sem o cartão de residente permanente (que demora quase 3 meses para chegar) essa é a unica maneira de re-entrar no Canada sem ter que pedir aquele visto de autorização de viagem.    

Na volta de Orlando, comecei a trabalhar, como eu já havia dito num post anterior. Teoricamente esse  emprego seria bem similar ao que eu já fazia no Brasil, porém acabou que não era e eu acabei não me adaptando ao lugar e às minhas atividades. Foram 3 meses nesse emprego e como era um contrato temporário (que me ajudou a ganhar experiencia aqui) acabei saindo de lá sem peso na consciência. 

A saída do meu primeiro emprego foi tranquila e não teve nenhum stress para nenhum dos lados. A unica exigência do meu antigo contrato era cumprir 15 dias de "aviso prévio" que cumpri sem problemas e no final acabei saindo de lá com referencias positivas, algo muitíssimo importante, principalmente aqui quando se está começando do zero. Essa minha primeira experiência de trabalho, apesar de curta, me ensinou muito e merece um post exclusivo que virá em breve.

Obviamente, o motivo da minha saída desse emprego foi por que recebi uma proposta melhor. Contrato permanente, com benefícios e dessa vez totalmente relacionado com a minha formação e com experiências anteriores. A tal da "equivalência profissional" acabou vindo antes do que a gente imaginava e, para quem não queria trabalhar aqui, como eu dizia antes, confesso que estou bem feliz, pois o nível de stress é zero se comparado com o Brasil.


Pelo menos por enquanto, estou tendo uma boa impressão nesse começo do meu novo trabalho. Vamos ver como serão os próximos dias e meses, mas até o momento estou bastante feliz. Como deu pra ver ai em cima, o pessoal foi  bem simpático e receptivo. Espero que continue!

E por enquanto é isso. A bientôt!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ainda tem alguém por ai?

Salut pessoas!

Resolvemos dar um sinal de vida e voltamos! Passei por um período de revolta com o blog (e com muitas outras coisas que não valem a pena serem mencionadas) e resolvi dar um tempo. Não tinha nem vontade mais de escrever, mas sempre que passava por aqui ficava com um peso na consciência pois não queria que um simples desaparecimento marcasse o fim do nosso blog tão querido.

Em todas as áreas da nossa vida, com o passar do tempo, nosso foco vai mudando. Os interesses, objetivos, assuntos, etc passam a ser outros, portanto se alguém ainda passar por aqui pra ler nosso blog, espero que não fiquem frustrados com a gente, pois não teremos mais noticias sobre como andam os processos de imigracão por exemplo. Como disse, o foco é outro!

Até agora foram 3 meses de vida nova com conquistas, realizaçoes, algumas decepçoes e muitos momentos de felicidade. A cada dia que passa temos ainda mais certeza de que fizemos a coisa certa e não cansamos de agradecer por estarmos aqui e por tudo que estamos vivendo.

Enfim, espero que vocês ainda se lembrem da gente e continuem lendo nosso blog (e comentando também!!!!). Esse só foi um post de retorno e aguardem novidades em breve!

À bientôt.

domingo, 13 de maio de 2012

Vale a pena???

Salut pessoas

Um comentário feito pelo pessoal do BrasilPolska, com uma simples pergunta, nos inspirou a fazer esse post. "Vale a pena tudo isso?" foi a pergunta que rondou nossas cabeças nos últimos meses e agora que tudo acabou (ou vai começar) conseguimos fazer uma reflexão melhor.

Nos últimos meses estávamos certos de que tudo o que fizemos foi em vão, pois parecia que completaríamos 1 ano aqui sem recebermos o nosso visto. Nossa data de retorno para o Brasil já estava até definida, seria 01 de Julho e nossos planos seriam trabalhar no Brasil, juntar mais dinheiro e voltar um dia quando o visto resolvesse sair, isso é se saísse. Passamos pelo menos uns 2 meses quase sem sair de casa, meio deprês por causa de todas as noticias que a cada dia apareciam nos jornais. Nossas únicas atividades eram o curso de francês, academia e meu trabalho voluntário. Nem animo para passear a gente tinha.

Felizmente não foi o que aconteceu e a historia todo mundo já sabe!

Quando decidimos vir pra cá antecipadamente, o cenário era outro completamente diferente do atual. Até aquele momento, as previsões passadas pelo consulado eram cumpridas e quando atrasava não era muito. Confiamos também numa "promessa" do consulado feita para nós, nos garantindo que poderíamos vir tranquilos, pois se ainda assim os vistos atrasassem, teríamos tudo resolvido até no máximo Janeiro/2012.

Não foi o que aconteceu. Considerávamos o pior dos cenários até final de fevereiro, que também não foi cumprido, mas ainda assim, não estávamos despreparados para continuar aqui até julho (que era a nossa margem de segurança), só sentíamos que estávamos limitados, presos, sem poder viver plenamente, trabalhando, estudando, etc.

Mesmo com o desânimo dos últimos meses e com a data certa para voltarmos para o Brasil e esperarmos o visto por lá, ainda assim tentamos aproveitar ao máximo nossa experiência aqui. Francisação, imersão cultural, ganhar experiência canadense e até experiência de entrevistas para fazer contatos e quem sabe um dia quando o visto saísse conseguir alguma oferta de emprego. São essas pequenas, porém importantes, coisas que não podemos fazer no Brasil e que fazem muita diferença aqui no dia a dia, te dão mais segurança na hora de uma entrevista de emprego, te preparam para quando o "viver plenamente" chegar.

Se faríamos isso hoje de novo? A resposta é NÃO! Mas esse não, é baseado apenas em 1 único fator: Incerteza. A instabilidade do consulado, os prazos que aumentam a cada mês e o processo em constante mudança nos fazem HOJE, ter mais receio em relação ao futuro da imigração e do processo como um todo. Não estou dizendo que acho que a imigração vai acabar, mas como todo mundo tem visto, as coisas estão a cada dia mais difíceis, e diante desse cenário atual, acho que o investimento a ser feito, tanto financeiro quanto emocional, é muito alto para algo tao incerto no momento.

Mas e na pratica? O que os tais "pontos positivos" significaram para nos? Francisação, imersão cultural e experiência canadense fizeram toda a diferença assim que recebemos o visto e foram determinantes em relação as nossas conquistas.

A primeira de todas as conquistas (e motivo do meu desaparecimento do blog) é que recebi uma proposta de emprego exatamente no meu segundo dia útil como residente permanente e comecei a trabalhar poucos dias depois. De lá pra cá foi uma correria daquelas para tirar todos os documentos e resolver todas as pendencias sem ter que ficar faltando no trabalho, mas no final deu tudo certo. O trabalho em sim tem sido bem legal e esses primeiros dias muito cansativos. Sempre ouvimos dizer que os primeiros dias de trabalho em francês cansam absurdamente e comigo tem sido exatamente assim, chego em casa destruída, mas aos poucos vou me acostumando. Posso dizer que esse trabalho foi uma grande conquista mesmo pois estou trabalhando em uma grande empresa do mercado financeiro e em uma função mais ou menos parecida com a que eu tinha no Brasil, mas com o nível de stress super baixo.

E logo em seguida, veio a segunda parte da conquista, mérito do Fabiano. Durante 2 meses ele passou por entrevistas, testes de matemática, física, programação, abstração de projeto e depois mais uma entrevista até que finalmente ele foi aceito na pós graduação que sempre foi o sonho dele: desenvolvimento de games. Serão 9 meses de curso intensivo, no final ele fará um projeto para uma empresa e a partir dai é seguir para a carreira que ele sempre sonhou.

Acreditamos que o fato de virmos antes para cá ajudou sim nessas duas grandes conquistas. No nosso caso tudo valeu a pena, deu certo, tudo aconteceu no prazo que tinha que acontecer, mas corremos um risco mais alto do que a gente tinha pensado. Agora é fácil para nós dizer que valeu a pena, mas até pouco tempo atrás, não tínhamos essa certeza e em vários momentos questionávamos o que estávamos fazendo aqui. No final das contas, nossa saga teve final feliz, mas não significa que a de outras pessoas terá o mesmo final também. Não quero influenciar e nem desencorajar ninguém, pois essa decisão é algo muito pessoal e depende do nível de tolerância à fortes emoções de cada um.

A bientôt.